Semana da leitura: a leitura como ato de cidadania!
Esta semana que passou comemorou-se na nossa escola a "Semana da Leitura, da Primavera e da Poesia".
Uma das propostas era irmos até à entrada da nossa escola onde estavam livros que iríamos folhear e escolher uma falarmos um pouco sobre ele... e foi o que fizemos...
Optamos, por sugestão do A. por escolher " A longa Viagem"... que fala de duas viagens diferentes e bem arriscadas: a viagem dos ganso para Sul, para o calor e a viagem dos refugiados para Norte e que fogem da guerra e que atravessam o mar e que chegam e ao contrário dos gansos que encontram refugio, os humanos encontram arame farpado que não os deixa passar! ( O A. quis escolher este livro por causa da guerra da Ucrânia)
Chegados à sala e após a leitura do livro... surgiu alguma indignação por não haver saída para os humanos da história... e decidimos criar um final diferente para esta história. Primeiro tivemos uma série de ideias que a Manuela escreveu e depois a pares ilustrámos essas ideias... e o livro ficou fantástico.
Porque temos que falar destes assuntos com as crianças? Porque queremos que por um lado se sintam seguras e confiantes e por outro lado se coloquem no lugar daqueles que sofrem e sejam solidários.
" Se os gansos, para fugir ao frio voam para Sul porque é que os humanos, para fugir à guerra não podem fugir para Norte? Esta é a pergunta que se impõe. Por que não conseguimos tratar bem os humanos ? ( Registo das falas das crianças)
Ser solidário é saber colocar-se no lugar do outro , compreender o seu sofrimento e arranjar soluções. Soluções novas, que sejam humanas , que não discriminem. Ideias que só as crianças podem, na sua inocência, ter e que encerram em si próprias todos os sonhos bons para um mundo melhor.
É esta humanidade que devemos cultivar nas crianças... e para isso é preciso que pensem sobre a realidade, o façam acompanhadas e que nós adultos nos habituemos a considerar que as crianças são cidadãos plenos e que tem ideias e que essas ideias devem fazer parte do discurso dos adultos... Só assim, talvez consigamos, no futuro evitar este flagelo da guerra, da fome, da solidão do abandono de tantas e tantas crianças.
Ser cidadão é ter em nós a marca de que podemos fazer a diferença com as nossas atitudes... e é isso que ambicionamos para as nossas crianças, quelas sejam capazes de construir um mundo melhor onde há lugar para todos, independentemente de onde vimos, de quem somos, daquilo em que acreditamos.
Manuela Guedes