Questões de organização
Acredito que a organização do cenário pedagógico se revela fundamental para a criação de um espaço de aprendizagens significativas das crianças.Neste sentido temos vindo, em reunião de Conselho , a tomar algumas decisões que se prendem com a forma como organizamos a nossa semana de trabalho, como, enquanto grupo, gerimos as tarefas que criámos para funcionar e também como temos que nos relacionar para que possamos funcionar ( regras de vida).
Como afirma Niza (1998), [a] escola define-se para os docentes do MEM como um espaço de iniciação às práticas de cooperação e de solidariedade de uma vida democrática. Nele, os educandos deverão criar com os seus educadores as condições materiais, afectivas e sociais para que, em comum, possam organizar um ambiente institucional capaz de ajudar cada um a apropriar-se dos conhecimentos, dos processos e dos valores morais e estéticos gerados pela humanidade no seu percurso histórico-cultural (p. 141).
É assim com esta visão que construimos os nossos instrumentos de trabalho, instrumentos esses que servem para dar voz às crianças através da sua participação. O direito a participar em todos os assuntos que digam respeito à sua a aprendizagem ( como? onde? quando?) constitui o nosso maior desafio.
É também Sérgio Niza (1998) nos diz que [é] através de um sistema de organização cooperada que as decisões sobre as actividades, os meios, os tempos, as responsabilidades e a sua regulação se partilham em negociação progressiva e directa e que o treino democrático se processa de maneira explícita no Conselho (p. 142).
Esta participação estende-se para além da escolha dos vários momentos do dia e da sua organização mas também na própria elaboração dos instrumentos.
Conjuntamente elaboram-se critérios clarificadores.
Esta organização pensada e refletida pelo educador, dá-lhe uma maior responsabilidade ética, pois não pode de modo algum deixar que as estereotipias educativas, as modas e outras distrações lhe toldem o seu objetivo maior que é o de autonomizar as crianças, dando-lhes ferramentas para poderem ter voz, participarem ,realizarem os seus sonhos... acreditarem na escola como um lugar de cultura e onde esta terá que estar presente em cada a todo educador. Os educadores, sendo trabalhadores intelectuais, como qualquer outro docente, tem o dever de nunca se afastar deste objetivo que é veicular a cultura. E nestes tempos difíceis , em que parece que o chão nos foge a cada dia, temos mais uma razão para continuarmos acreditar na Ciência, na Arte e na Democracia como a nossa pegada na Escola.
E nisto que acredito e é isto que todos os dias tento realizar com as minhas crianças.
Manuela Guedes