Práticas de avaliação Cooperada numa sala de Jardim de Infância
No final de cada mês realiazam-se vários tipos de avaliação: avaliação dos instrumentos de regulação,, isto é avaliam-se o mapa do tempo, o calendário, o mapa da presenças e ficamos assim a saber se num determinado mês houve muitos ou poucos dias de escola, se houve muitos feriados e também se choveu muito ou pouco, se maioritariamente estiveram dias de sol, se faltámos muito ou não etc. Esta avaliação permite a todas as crianças tomarem consciência por exemplo, de quantos dias tem um mês, se o tempo atmosférico está ou não condizente com o que as crianças sabem sobre o clima para a época do ano, podendo desta forma introduzir por exemplo para o debate as questões do clima e do aquecimento global... parece que são crianças muito pequenas para falar destes temas , mas a realidade é outra pois as crianças têm algum conhecimento que as fazem questionarem-se porque , por exemplo, novembro teve quase todos os dias sol....
Depois paralelamente a esta avaliação temos uma outra avaliação que se centra na avaliação do mapa de atividades e que permite a cada criança e a todas refletir sobre como aprenderam durante o mês, quantas vezes foram para uma determinada área de trabalho, se diversificaram as suas escolhas, se pelo contrário foram sempre para as áreas em que se sentem mais confortáveis deixando para trás oportunidades de aprender coisas diferentes. Esta avaliação embora feita individualmente, é sempre posta em comum para que com a ajuda de todos as crianças possam evoluir e assumis de uma forma mais responsável os seus compromissos pois sabem que os outros estão ali para os ajudar... estamos todos prontos para ajudar todos e só assim se aprende: se formos todos responsáveis pelas aprendizagens de todos.
Como refere Sérgio Niza (1997), «um sistema de avaliação integrado que acentue a função de regulação formativa, pode também assumir a sub-função de controlo se a avaliação se construiu em cooperação, isto é, como processo (habitus) de hetero-avaliação colegial com implicação paritária dos formandos e dos formadores em toda a gestão (dos conteúdos à organização».
É a tomada de consciência, pelo indivíduo e pelo grupo, do percurso feito, o que naturalmente o irá envolver nas decisões a tomar relativamente ao percurso a seguir.A validação social do trabalho de cada um, confere ao mesmo uma importância primordial no percurso futuro. Neste sentido, consideramos a avaliação, não apenas como um ponto de chegada mas fundamentalmente como um ponto de partida. Integrar a perspectiva da avaliação formadora, significa adoptar novas metodologias de ensino-aprendizagem. Perrenoud (1992) diz mesmo que «mudar a avaliação significa provavelmente mudar a escola, (...) significa transformar consideravelmente as regras do jogo dentro da sala de aula».
Manuela Guedes