Comunicações...porque as fazemos?
Citando Sérgio Niza (1998) gostaria de referir que: " A comunicação é um dos mecanismos centrais da pedagogia do MEM enquanto factor de desenvolvimento mental e de formação social. Decorre da condição de se aceitar, na escola, como fundamental, a criação de um clima de livre expressão dos alunos, para que se não sintam policiados nas suas falas, nos seus escritos ou nas actividades representativas e artísticas em que se envolvem (p. 78)."
Para as crianças esta dimensão social das aprendizagens, feita através das comunicações, da troca de saberes e produções, leva a uma construção cultural dos saberes e de competências, motivando o trabalho de cada um.
De acordo com Sérgio Niza, citado por Folque (1999) a “comunicação e trocas entre o professor e as crianças e entre as crianças, são uma maneira de construir a aprendizagem através de processos cooperativos, todos ensinam e todos aprendem” (Niza, 1996). O conhecimento nas salas de aula do MEM não é visto como propriedade privada. Longe disso, a aprendizagem individual é sistematicamente estendida a todo o grupo onde as crianças são encorajadas a comunicar. Assim, a comunicação tem uma dupla função. Primeiro, a comunicação pode ser vista como activadora de uma função cognitiva que ocorre quando se pede às crianças para falarem sobre as suas acções ou experiências. Neste caso, tem início um processo metacognitivo que lhes permite perceberem melhor o que têm a comunicar (Vigotsky, 1987). Em segundo lugar, a comunicação também tem uma função social quando a informação é partilhada e disseminada de modo a que possa ser utilizada pela “comunidade” e pelo escrutínio público do conhecimento.
Não fazia sentido as crianças empenharem-se em construir um artefacto cultural e não poder partilhá-los com os seus pares. Quando aprendemos alguma coisa temos o dever ético de o partilhar com os outros.É este dever ético, este compromisso que assumimos com os nossos alunos e que queremos que eles assumam com os seus colegas.