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100 Histórias para Partilhar

Este blog pretende ser um espaço de partilha da prática pedagógica de uma educadora de infância. Todos os textos ,fotos e videos estão sujeitos ao RGPD.

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Dom | 02.10.22

Cenário Pedagógico III: a construção da nossa agenda semanal

 Precisamos de ver, na escola, pequenos oásis que (re)confortam. Gestos que nos animam. Oportunidades que nos encantam e alentam. Poderes que nos gratificam. Precisamos de tempos de encontros e de celebração. Precisamos de nos felicitar uns aos outros. Porque estes motivos também existem. E são eles que nos podem animar e ampliar uma disposição gerada por estes mil espelhos de alegria. (Alves, 2011)

Sabe-se que para que a aprendizagem aconteça é fundamental que a sala de aula esteja organizada ( espaço e tempo) para que as crianças se apropriem da mesma , isto é saibam o que podem fazer, onde encontrar o que precisam para realizar os seus projetos, saibam como gerir o tempo, isto é consigam prever o que vai acontecer.Trata-se da organização do espaço em áreas de trabalho de forma a facilitar o livre acesso dos alunos aos materiais e da gestão do tempo, de maneira a permitir a realização diária de trabalho autónomo, decorrente dos seus interesses e necessidades em termos de aprendizagem. Consideramos que as crianças são agentes ativos, que são capazes de tomar decisões sobre os seus interesses e que essa capacitação assenta na alteração da forma como organizamos o trabalho na sala de aula.

"A construção de um trabalho escolar participativo e não alienado - exprime-se num constante investimento da participação dos alunos na planificação, execução e avaliação das diferentes acções. As atividades realizadas dentro da sala de aula utilizam como instrumentos essenciais a planificação anual, semanal e diária das actividades, discutida e negociada com os alunos, e a assembleia de turma como espaço de afirmação da vontade coletiva e esclarecimento e gestão de conflitos. (Sarmento et al., 2007, p.199).

Esta organização tem que assentar na real capacidade das crianças darem opiniões e dessas opiniões serem levadas a serio. Aqui na sala é o que tentamos fazer todos os dias ao planearmos com as crianças o trabalho que fazemos, ao elaborarmos com as crianças os instrumentos que utilizamos. 

Neste sentido, depois de identificadas as áreas de trabalho há que começar a construir os instrumentos que nos sirvam de apoio a essa organização e que permitam às crianças iniciarem o seu processo de aprendizagem em autonomia. Iniciámos assim a construção da nossa agenda semanal, com alguns dos momentos já experienciados .

Como construimos  a agenda semanal? 

A medida que vamos colocando questões que interessam a todos, vamos decidindo qual o dia da semana que a vamos trabalhar. As questões surgem no momento da manhã, ou durante o tempo das comunicações e muitas vezes são a consequência da clarificação do discurso por parte da educadora, que tem aqui um papel fundamental e ajudar na expansão do discurso das crianças, isto é ajudar as crianças a explicarem melhor o que querem dizer.

Combinados os dias,alguém se oferece para ilustrar a agenda e faz-se o desenho e coloca-se no dia correspondente.

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 Podemos afirmar que o papel da rotina no Jardim-de-Infância é fundamental pois promove a autonomia, a segurança e o sentido de pertença da criança, apoiando-a, ainda, na gestão do seu tempo e da sua aprendizagem. Segundo Vasconcelos (1998), o facto de negociarmos a organização do tempo com o grupo de criança, faz com que elas se sintam seguras e parte integrante de toda a estrutura educativa. Niza (1998) refere, também, que “a estabilização de uma estrutura organizativa, uma rotina educativa, proporciona a segurança indispensável para o investimento cognitivo.” (p.154). Falamos então, da construção da agenda semanal com as crianças, negociada, desenhada e apropriada por elas... em coletivo, pois é no coletivo que com  o contributo de todos,  nos vamos organizando. Acredito que é com o apoio de todos que todos podemos crescer, pois todos temos um contributo a dar ao coletivo... E segurança é isso mesmo sentirmos que, ao olharmos para o nosso lado alguém em quem confiamos nos pode ajudar...

E estamos neste momento a fazer esse trabalho, com calma  tranquilamente para que todos sejamos capazes de saber o que nela está escrito, em que dia temos a culinária ou a ginástica...  Assim construímos a nossa autonomia através da participação direta na construção dos instrumentos que vão gerir o nosso dia à dia.

Manuela Guedes