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100 Histórias para Partilhar

Este blog pretende ser um espaço de partilha da prática pedagógica de uma educadora de infância. Todos os textos ,fotos e videos estão sujeitos ao RGPD.

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Dom | 24.09.23

Cenário pedagógico I

A nossa sala está organizada por áreas de trabalho. As áreas estão devidamente assinaladas e serão objeto da gestão feita pelo grupo, nomeadamente quais as suas regras de funcionamento , o que se pode lá fazer etc.Esta organização irá  permitir às crianças escolherem o que querem fazer, poder realizar várias escolhas diversificadas e permite também iniciar este trabalho de construção de uma pequena comunidade de aprendizagem uma vez que permite à crianças ajudarem-se mutuamente, construirem o seu projeto curricular individual, à semelhança do que acontece com o projeto individual de leitor, isto é cada criança com o apoio dos demais vai saber o que mais gosta de fazer, quais as áreas que tem de melhorar, quais os desafios a que propõe, etc.

"Quando pensamos em currículo, identifica mo-lo com a metáfora da viagem de Kliebard, que, segundo Vasconcelos (1990, p.18), nos propõe uma
visão de currículo “…como uma estrada por onde as crianças viajam, sob a orientação de um guia e companheiro experimentado”. Nesta perspetiva,
o importante é o processo, o caminho que se percorre e não tanto o ponto de partida ou de chegada. Por seu turno, o modelo do MEM (Folque,
2012, p. 54) “propõe um currículo baseado em problemas e motivações da vida real, apresentados de modo funcional e pragmático”, e que deve
ser gerido cooperadamente por todos os intervenientes. Para apoiar a responsabilidade pela aprendizagem e pela vida do grupo, o MEM propõe
uma determinada organização do espaço, do tempo e de interações reguladas por diversos instrumentos de pilotagem." (Assim aprendemos juntos
Alexandra Cruz, Conceição Ventura, Margarida Rocha,Noémia Peres e Teresa Sousa*)

A sala está dividida em sete áreas:

  • Área do faz-de- conta , onde as crianças brincam ao faz -de conta desempenhando uma série de papeis e situações, através do jogo simbólico,
  • Atelier de artes plásticas, no qual as crianças desenvolvem uma série de projetos e atividades no domínio das artes visuais ( pintura, colagem, aguarelas, desenho com diversos materiais, composições, modelagem)
  • Área da escrita, no qual existem diversos materiais que permitem às  crianças ensaiarem as suas tentativas de escrita. ( escrever o seu nome e os colegas, escrever cartas, recados, criar histórias....)
  • Laboratórios da matemática e das ciências, onde existem uma série de materiais estruturados ou não que permitem às crianças realizarem uma série de experiências e ensaios nos domínios da matemática, biologia, astronomia, física...
  • Construções e garagem onde as crianças se propõe realizar uma serie de construções e situações de aprendizagem em 3d
  • Biblioteca e centro de recursos, no qual existem uma série de livros e documentos que apoiam as crianças nos projetos e na leitura de histórias, etc
  • Área polivalente, onde se encontram uma série de instrumentos que apoiam a organização e gestão cooperada da sala . ( estes instrumentos serão objeto de posteriores publicações)

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De acordo com as Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar (1997), “o contexto institucional de educação deve organizar-se como
um ambiente facilitador de desenvolvimento e da aprendizagem das crianças.” (p. 31)

Mas, para além do que nos dizem as Orientações Curriculares, que são para nós educadores de Infância o nosso documento orientador, eu agarrada às minhas mais profundas convições (acredito num modelo pedagógico, o MEM ( Movimento da Escola Moderna)) organizo o meu cenário pedagógico com objetivos muito concretos: cooperação entre e com as crianças, participação das crianças em todas as tomadas de decisão que dizem respeito às suas aprendizagens, liberdade para criar e ser, profundo respeito por cada uma delas, instituir uma democracia participativa em que todos têm voz,iniciar com as crianças um caminho de práticas democráticas e de cidadania ativa.

Porque é esta a escola em que eu acredito.

[a] escola define-se para os docentes do MEM como um espaço de iniciação às práticas de cooperação e de solidariedade de uma vida democrática. Nele, os educandos deverão criar com os seus educadores as condições materiais, afectivas e sociais para que, em comum, possam organizar um ambiente institucional capaz de ajudar cada um a apropriar-se dos conhecimentos, dos processos e dos valores morais e estéticos gerados pela humanidade no seu percurso histórico-cultural (p. 141).

 

E estamos prontinhos para começar...