A construção dos instrumentos de pilotagem
A organização cooperada do trabalho de aprendizagem carece de determinados instrumentos, a que chamamos "instrumentos de pilotagem" e que servem regular o nosso trabalho em diversas dimensões: gestão do tempo e da rotina diária e semanal, planificação e avaliação e regulação sócio- moral do grupo.
Os “instrumentos de pilotagem”, entendidos como instrumentos de regulação da vida do grupo, “ajudam o educador e as crianças a orientar/regular (planear e avaliar) o que acontece (individualmente e em grupo) na sala, constituindo-se como ‘informantes da regulação formativa’” (Folque; 2012: 55).
De acordo com Niza (2012) os denominados instrumentos de pilotagem encontrados pela sala pertencem a um conjunto de mapas de registos nos quais as crianças podem planificar, gerenciar, refletir e, assim, avaliar as atividades em que participam durante o dia. O autor caracteriza tais instrumentos como um “conjunto de instrumentos de monitorização da ação educativa’’ (p.200) e considera-os de extrema relevância para a avaliação e organização do trabalho pedagógico. De acordo com Folque (2012) podemos considerar um trabalho em sala de aulas/atividades tendo em conta os instrumentos designados de regulação e pilotagem das aprendizagens.
Assim desde setembro as crianças têm vindo a construir e apropriar-se dos vários instrumentos que existem na sala.


Para essa apropriação é fundamental que as crianças sejam colocadas perante a tarefa de ,após a discussão em conselho ( isto é com todas as crianças), ilustrarem esses mesmos instrumentos, com o objetivo de que possam ser "lidos" com diferentes linguagem ( a escrita e a ilustração).


Com a introdução dos instrumentos de pilotagem as crianças apropriam-se do planeamento e da avaliação, comprometendo-se com o grupo no sentido que estamos ali todos uns para os outros, intervêm na organização do espaço e do tempo usando instrumentos que os apoiam nessa tarefa ( a agenda semanal, o plano do dia, o mapa de tarefas). De igual modo conseguem regular as suas falas e discursos sabendo que a expressão livre é um direito que lhes permite participar . O direito a participar, permite que cada um se desenvolva como um ser inteiro, com direito à sua voz construindo-se como um indivíduo ativo ,um cidadão pleno numa cultura democrática.
Esta cultura democrática pressupõe uma certa solidariedade reciproca entre os indivíduos, proporcionando “os instrumentos para que cidadãos autónomos e responsáveis se possam envolver ativamente e agir solidariamente no mundo, bem como realizar-se pessoal e socialmente” (Folque; 2012: 52).
Manuela Guedes