Este blog pretende ser um espaço de partilha da prática pedagógica de uma educadora de infância. Todos os textos ,fotos e videos estão sujeitos ao RGPD.
Este blog pretende ser um espaço de partilha da prática pedagógica de uma educadora de infância. Todos os textos ,fotos e videos estão sujeitos ao RGPD.
O V. perguntou o que era a sombra. Na sexta feira, dia de Ciências Experimentais fomos fazer essa descoberta. Levámos objetos para a rua e colocámos em cima de uma folha de papel. Verificámos que a luz fica do lado oposto à sombra. A sombra acontece porque os objetos não são transparentes e não deixam passar a luz.
Depois fomos fazer o contorno da sombra dos objetos. Ainda experimentámos apanhar a nossa sombra mas vimos que não podemos agarra-la
Todos os dias um menino chama para irmos lavar as mãos para o almoço, mas por vezes esquece-mo-nos que foi no dia anterior. Por isso fazemos a lista por ordem alfabética, quer dizer de acordo com o nosso alfabeto. como estávamos com duvidas sobre qual seria a ordem certa fomos verificar.
Cada um viu qual era a letra do seu nome , carimbou-a e depois colou o restante nome.
Bairrão (1994, p.42) que “a determinação significativa daquilo que uma criança pode realizar, só ganha verdadeiro sentido se for conhecido o contexto onde está inserida” Neste contexto é fundamental para a construção da autonomia das crianças e sua capacitação no caminho da sua aprendizagem que a sala seja por elas conhecida e compreendida. Os Inventários: são pequenas listagens escritas, construídas em conjunto, dos materiais e atividades que as várias áreas de trabalho podem proporcionar. De forma a permitir uma leitura fácil pelas crianças, esta listagem é ilustrada por elas, que utilizam estes inventários para “recordar e ver as diferentes possibilidades de atividades nessa área” (Folque; 2012: 55).
Foi o que fizemos nesta segunda semana, iniciámos o reconhecimento do espaço , das diferentes áreas o que nelas havia e o que podemos fazer ou aprender
Também começámos a ilustrar as regras de vida, isto é as regras da nossa sala, que afinal não são mais do que regras simples de convivencia e de trabalho.
Defenimos a escola (..)como um espaço de iniciação às práticas de cooperação e de solidariedade de uma vida democrática. Nele, os educandos deverão criar com os seus educadores as condições materiais, afetivas e sociais para que, em comum, possam organizar um ambiente institucional capaz de ajudar cada um a apropriar-se dos conhecimentos, dos processos e dos valores morais e estéticos gerados pela humanidade no seu percurso histórico-cultural.( Niza, S.Escritos sobre Educação,1998, p. 141).
A Manuela contou-nos esta história e A M disse que já tinha feito uma experiencia com um feijão num algodão mas que o feijão dela tinha morrido. combinámos semear feijões mas desta vez na terra.
O M. trouxe os feijões e na quarta feira tivemos a semeá-los.
Coloc+amos a terra, depois os feijóes e por fim regámos.
Esta semana também estivemos a fazer os nossos retratos. A Manuela disse-nos para fazermos primeiro o contorno e como não sabíamos o que era o L, que esteve na nossa sala no ano passado disse aos amigos que o contorno era a linha que usamos para fazer o desenho.
Depois preenchemos o desenho e por fim pintámos o fundo.
A escrita do nome tem um significado muito importante para a criança, pois ele faz parte da sua identidade.
No " processo emergente de aprendizagem da escrita, as primeiras imitações que a criança faz do código escrito tornam-se progressivamente mais próximas do modelo, podendo notar-se tentativas de imitação de letras e até a diferenciação de sílabas. Começando a perceber as normas da codificação escrita, a criança vai desejar reproduzir algumas palavras (o seu nome, o nome dos outros, palavras e/ou frases que o/a educador/a escreve, etiquetas, etc.). Aprender a escrever o seu nome tem um sentido afetivo para a criança, permitindo-lhe fazer comparações entre letras que se repetem noutras palavras e aperceber-se de que o seu nome se escreve sempre da mesma maneira." (OCEPE 2016)
E foi assim que começámos a escrever o nosso nome, num cartão para que sempre que tenhamos duvidas sobre a sua escrita ou para que qualquer um possa aprender a escrever o nome do seu companheiro.
Nesta primeira semana de trabalho dedicamo-nos a explorar o espaço, a descobrir o que podemos fazer na nossa sala.
Fomos-nos dividindo pelas áreas de trabalho e descobrindo o que podemos fazer . Temos uma área de dramatização, uma área de matemática, uma área de ciências, uma biblioteca com muitos livros...
Ainda não sabemos muito bem o que podemos fazer em cada área mas sabemos que temos muito para descobrir.
"O conhecimento do espaço e das suas possibilidades é uma condição do desenvolvimento da independência e da autonomia da criança e do grupo, o que implica que as crianças compreendam como está organizado e pode ser utilizado, participando nessa organização e nas decisões sobre as mudanças a realizar. Esta apropriação do espaço dá-lhes a possibilidade de fazerem escolhas, de utilizarem os materiais de diferentes maneiras, por vezes imprevistas e criativas, e de forma cada vez mais complexa." (OCEPE 2016)
Reiniciamos as atividades com muita vontade e nestes primeiros dias já começámos a organizar a nossa sala.
Porque nos preocupamos tanto com as questões do cenário pedagógico?
Porque queremos que as crianças se apropriem do espaço ( e do tempo) de forma efetiva e que compreendam que a sala é sua e esta pensada e organizada com eles. Acreditamos que a organização do cenário de aprendizagem constitui, quando partilhada com as crianças, em si própria um primeiro caminho para a aprendizagem , pois permite que as crianças se sintam responsáveis pela gestão do espaço onde as suas aprendizagens vão decorrer.
A aprendizagem escolar consiste, portanto, não apenas no domínio dos instrumentos ou sistemas conceituais, de procedimentos de seu uso em abstrato, como também sua recontextualização no cenário escolar [...] .” (BAQUERO,1998,p.83)
Na nossa sala fazemos muitas coisas mas primeiro temos que conhecer bem o espaço, construir as regras de funcionamento, identificar o que podemos fazer no Jardim da infância e foi isso mesmo que estivemos a fazer.
Depois de decidirmos quantos meninos poderiam estar em cada área de trabalho fomos, a pares, fazer esse registo.
Paralelamente à organização dos espaços, é necessário introduzir alguns instrumentos que apoiem essa mesma organização.
Aparece assim, o mapa de presenças em que é necessário que as crianças identifiquem o seu nome, sejam capazes de usar uma tabela de dupla entrada, consigam identificar o dia,etc. Todas estas competências vão sendo trabalhadas de forma progressiva e com uma autonomia crescente.
Este blog vai ser o veiculo de comunicação e partilha do que iremos fazer, no jardim de infância , durante este ano, Pretende por um lado dar a conhecer o trabalho que fazemos e o porquê da forma como o realizamos, por outro lado irá muitas das vezes clarificar junto dos pais e encarregados de educação, o que é o pré escolar e quais os seus objetivos.
É neste contexto que vou escrever este primeiro post.
O pré- escolar é , como está amplamente difundido, a primeira etapa da educação formal das crianças, significando isto que não se pretende antecipar as aprendizagens do 1.º ciclo ( aprender a ler, a escrever etc.) mas sim promover junto das crianças o gosto pelo conhecimento, pela aprendizagem e pela descoberta.
Citando as Orientações Curriculares, documento que rege a educação pré escolar, o pré- escolar é "nível educativo em que o currículo se desenvolve com articulação plena das aprendizagens, em que os espaços são geridos de forma flexível, em que as crianças são chamadas a participar ativamente na planificação das suas aprendizagens (...).
Assim sendo, iremos descobrir e organizar o nosso cenário pedagógico, construindo as regras do seu funcionamento, inventariando os materiais e o que podemos fazer/aprender com eles. Iremos construir a forma como nos vamos organizar, de forma cooperada, em que nos vamos apoiar uns aos outros para que todos tenhamos sucesso e sejamos capazes de superar as dificuldades. Esta forma de organização, em Conselho de Cooperação Educativa, significa que todo o trabalho que iremos realizar, passara pela discussão com todos: o planeamento e avaliação do trabalho passará por todos. Esta forma de trabalhar tem por base um modelo pedagógico , considerando um modelo pedagógico como sendo e passo a citar :
“Um modelo é mais do que uma estratégia ou método específico. Consiste num plano geral, ou padrão, para auxiliar os alunos a aprender determinados conhecimentos, atitudes ou competências. Um modelo de ensino [...] possui uma base filosófica subjacente e um conjunto de prescrições docentes destinadas à prossecução dos resultados educativos esperados”. - Bruce Joyce & Marsha Weill (1985).
O modelo pedagógico que defendo é o modelo pedagógico do MEM ( Movimento da Escola Moderna) pois é aquele que assenta em principios:
a participação democrática direta
os circuitos de comunicação
as estruturas de organização cooperada
Acredito que é na responsabilidade de cada um e de todos em conjunto que podemos avançar e é por esta razão que organizo o trabalho desta forma. Somos todos responsáveis por todos , o que faz com que tenhamos que ter acesso a todo o trabalho que envolve essa mesma aprendizagem, assim vão ler aqui como construimos a nossa agenda semanal, como todos teremos tarefas que apoiarão toda a organização e gestão, iremos realizar projetos que por sua vez irão ser comunicados à turma e a outras salas, iremos realizar correspondência com outros meninos de outra escola. No MEM é assumida a homologia de processos como orientação pedagógica:
"Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autênticos da construção da cultura nas ciências, nas artes e no quotidiano. Esta semelhança nos processos de trabalho (homologia de processos) entre a escola e a vida social produtiva pretende afastar a Escola Moderna do abuso das formas de simulação e dos truques didáticos que decorrem da perda do sentido social da escola, da falta de respeito pelos alunos e da convicção de que a didática é um saber de natureza e estrutura em tudo diferente da das ciências e saberes que pretende veicular (NIZA, 1996, p. 143).
E é com estes pressupostos que iremos descrever o nosso trabalho, sempre focados na descrição dos processos, isto é dizendo como fazemos .